terça-feira, 17 de maio de 2011

Fim de férias

Voltar das férias é quase dolorido. Quebrar aquele rimo lento que a mente e o corpo assumiram de propósito, só para deixar bem claro para o mundo que era hora de relaxar, não é uma das coisas mais animadoras.

Ter que adiar as torradas com manteiga, o chá com lichia, o moleton macio e a música da minha paz, faz com que esse retorno pese um pouco mais do que o devido.

Mas depois de uma longa inspirada no ar frio das seis e meia da manhã, a coragem chega e a brincadeira começa: levanta, procura, dobra, guarda, arruma, passa, veste, espirra, prende, pinta, estica... sorria!

E é só o barulho das rodas sobre o chão xadrez se misturar ao murmurinho e o cheiro do café disfarçar  os mil perfumes, que o olho umidece e meu peito esfria, sorrindo. E é quando ele sorri assim que eu paro um segundo, olho lá dentro e digo a mim mesma: felicidade!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Às vezes me sinto à prova... esses encontros e aparições só podem ser coisa do destino. 87 quilos a menos, esperarei até os 87 anos para ver...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Feliz Dezembro!

Ouvindo "I´ll be there" acompanhado de um cantarolado bem ruim, de pança cheia e com uma espinha no traseiro. Saco de espinha.

O que as pessoas vêem nessa voz touca da Mariah Carey, sério? Sim, é a própria cantando(?), em tributo ao Michael Jackson. Pensei que era um arquivo original, mas é a tal da homenagem póstuma. Coisa mais fúnebre, credo!

Falando em fúnebre, enterrei algo, finalmente.

Me libertei dos olhos azuis, da grosseria escondida, daquela paixão ao álcool e de todo o amor que estava apenas na minha fantasia. Quando a verdade é a ausência, o que se enxerga são os momentos bons e distorções dos ruins, tornando tudo uma grande maravilha perdida. Bobagem!

Levou um ano. Ano que me envelheceu cinco ou mais e que me fez chorar como se tivesse dez a menos, mas passou. Só aí tirei 87 quilos da minhas costas e me sinto potente para dar três cambalhotas seguidas, se quiser, ou para seguir esperando o comercial de margarina chegar.

Feliz Dezembro!



domingo, 25 de julho de 2010

A MENINA QUE ESQUECIA

Saímos de casa de mãos dadas, numa despedida silenciosa da qual só eu sabia. Caminhamos até o ponto de ônibus e esperamos um bocado até que algum que pudesse nos levar ao metrô aparecesse. Já no metrô, seguimos à rodoviária estadual.

“Bom dia! Uma passagem para Bragança Paulista.”

“Somente uma, senhora?”

“Por favor.”

Janela escolhida (sempre a janela), chegara a hora. Menos de quinze minutos para fazer tudo: escolher um lugar, evitar o constrangimento de ser pega, comprar um lanche, descer as escadas, chegar à plataforma 23 e embarcar. Coisa rápida.

Dia importantíssimo, porém tranqüilo – ruas, lojas e corredores na mais pura calmaria. Penso que todos os dias poderiam ser como manhãs de domingo: nada de trânsito, nada de barulho e nada de blá blá blá. Sonho...

Há algum tempo vinha pensando em como faria, quando fosse tempo. Acontece que o tal do tempo havia chegado e eu não tinha idéia de como seria. Tudo o que eu planejei, todas as possibilidades, pareciam ridículas e impraticáveis. Mas eu não adiaria nem um minuto mais.

Escolhi um banco azul vazio; três assentos, na verdade. Algumas pessoas no banco de trás, mas naquele, ao lado da lixeira, ninguém. Ao menos por enquanto.

Sentei-me, olhei para os lados. Só precisava ficar alguns minutos sentada, fazendo qualquer coisa. Peguei o celular, fucei qualquer bobagem, olhei para o relógio e me levantei.

Adeus, Liesel.

Deixei-a ali mesmo, quase no corredor central da Rodoviária de São Paulo, e saí andando com medo de ouvir alguém gritando “moça”.

Liesel ficou no banco, esperando algo acontecer.

Quis muito me sentar por ali e descobrir qual seria o seu destino.

Talvez alguma criança tenha encontrado o livro e usado como matéria prima para aviões de papel, ou talvez ele tenha ido parar no setor de achados e perdidos da rodoviária, sem que quem o encontrou tenha tido sequer a curiosidade de abrí-lo, para ver meu recado. Ainda: quem sabe algum passageiro com destino a Itacatratinga do Sul tenha levado a pequena para novas aventuras.

Não há como saber.

Espero que alguém, independente de quem, o esteja lendo agora.

Essa é a idéia, que começou com uma boa ação do Rodolfo e uma desconhecida numa peça envolvendo Adélia Prado, muitos anos atrás, e que, confesso, demorou a virar prática. Meu apego ao “MEU” é forte e “esquecê-los se tornou algo difícil de fazer.

Espero também ouvir, em alguns anos, alguma história envolvendo esse livro ou algum outro, na mesma corrente.

E para dar continuidade aguardarei uma nova história emocionante, digna. A “matemática financeira” que estou lendo agora não vai interessar muita gente.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Justo?

Senhores,

venho pro meio deste manifestar minha insatisfação com seu álbum do campeonato mundial 2010.

Não acho justo (concordando com os outros tantos milhões de pessoas que também pagaram por isso) que meu álbum fique incorreto porque os senhores decidiram realizar o lançamento antes da divulgação dos convocados, ou porque os técnicos tenham tido um acesso de loucura (Dunga que o diga!).

Até onde sei, por meio de leitura de alguns sites não oficiais, o número de cromos incorretos (me refiro aqui às fotos de jogadores que NÃO foram convocados) é de 49. Gostaria, inclusive, que os senhores me confirmassem essa quantidade.

Entendo que o objetivo dos cromos seja representar todos os estádios, times, brasões e jogadores participantes do campeonato. Pois qual o sentido então, do Adriano estar lá, olhando o firmamento, se ele vai passar o mês da Copa em audiências judiciais?

É justo que o Grafite seja representado por uma caixinha da Faber-Castell colada com fita adesiva sobre o álbum? Não acredito nisso!

Sugiro então que os senhores lancem uma nova leva de cromos com as imagens corretas dos jogadores.

Gostaria de lembrá-los que o custo do álbum mais os 640 cromos é de R$ 108,00 e que a coleção de cromos é mais que uma transação comercial. É um reviver da infância, completamente deturpado por uma atitude egoísta e gananciosa de vossa parte. É também uma fonte de memórias de um dos poucos eventos que une esse país num mesmo propósito.

Cada centavo dos mais de cento e oito reais pagos por cada brasileiro (sem contar os Euros, Pesos, Dólares e afins) é gasto com muito prazer, pela diversão proporcionada por cada envelope.

Tendo ciência disso, gostaria de saber se os senhores tem a intenção de corrigir esse erro e garantir que as pessoas não fiquem insatisfeitas com esse objeto que ao longo dos campeonatos vem se tornando obrigatório para o acompanhamento do Mundial.

Aguardo seu retorno, em demonstração de caráter.

Sem mais,

domingo, 30 de maio de 2010

A conversa era entre as vizinhas.

Enquanto uma estendia a roupa recém-lavada, acompanhada pelo esposo, que em seu silêncio cabisbaixo varrias as folhas do quintal - a outra, sessentona, queixava-se:

- Ai, Dora! A dona Lourdes morreu, mas com esse meu pé eu não fui nem no velório. Ah, não! É muita coisa para ir, imagina...'Tô' tomando até antinflamatório. Dureza ficar velha!

O que faz o varredor de folhas levantar a cabeça discretamente e falar ao vento, irônico que só:

- É, mas morrer novo ninguém quer.

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa

É Páscoa em Fortaleza, onde a chuva deu uma trégua, o telefone espera e a saudade se faz sentir.

É Páscoa em Pirituba, com formas e formas de lasanha, pessoas sentadas no chão, fofocas, risadas e gelatina para sobremesa.

É Páscoa em Brasília também, com patins no pier, esquecimento e vingança. Felicidade, talvez.

E é Páscoa em Bragança Paulista, com um coração em frangalhos, trabalho duro e coragem.

Que o recomeço seja para nós todos.