Uma vez caminhei numa ferrovia (num túnel, para ser mais exata) à luz de lanternas com o Polegar (isso mesmo, o grupo Polegar, do famigerado Rafael Ilha, por quem era completamente maluca aos seis anos).
Já em outra noite sem nexo, joguei bola com a Sandy e o Junior numa sala apertada, vestida à moda dos tempos da brilhantina.
Houve também uma noite na qual Dercy Gonçalves me ligava, cheia dos impropérios, me convidando para um baile. Quando ela apareceu, não pude distinguir se o cabelo à permanente era louro ou branco, nem se o vestido era preto ou prata. E agradeço pelo sonho (pesadelo?) ter acabado nesse momento, antes do fox-trot começar ou qualquer senhor presente, talvez num terno vermelho, me chamar de boneca (ui!).
Outro episódio estranho foi quando Hebe Camargo foi em casa fazer uma visita à minha avó. Escondi-me atrás do botijão de gás enquanto ela tilintava pulseiras e gargalhava sem dó.
Também já sonhei com o Fofão, mas esse não merece qualquer comentário mais profundo.
Mas esquisito mesmo foi hoje, depois de anos acreditando que essa bizarrice havia terminado... contarei o sonho todo:
Estava eu no meu pijama improvisado, pronta para dormir quando ouço, vindos da rua, gritos femininos. Olho pelo vão da janela e vejo duas gurias brigando na calçada. A de cabelo curto apanhando horrores. Rosto ensangüentado, perna machucada, gritos e mais gritos – agudos e apavorados – enquanto a outra, com a mão colada no cabelo daquela sacudia a cabeça frouxa para lá e para cá.
Pego o celular e chamo 190:
“-Polícia.
- Boa Noite, eu quero avisar que tem uma moça sendo espancada em frente à minha casa. Vocês podem mandar alguém?
- Qual o endereço?
- Tal.
- Obrigada.
- Boa noite.”
Quando volto à cena, as duas já saíram da minha visão. Fico no escuro, ouvido alerta. Até que os gritos acabam, mas sem qualquer sinal de viatura ou equivalente.
Abro a janela em busca de novidades e do outro lado da rua, entre as folhas de uma árvore grande, vejo dois olhos vermelhos, bem brilhantes. “Um morcego”, penso (sim, os morcegos dos meus sonhos tem olhos vermelhos e não ficam de ponta cabeça). Debruço-me na janela tentando ver algo à direita. Nada. Viro para a esquerda... “SANTA APARIÇÃO, BATMAN! QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?"
...
Pelo menos era a versão Michael Keaton.