terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Diário de Bordo # 04 - Viña del Mar

Chegamos cansados, sem dúvida.


-Alguém vai fazer algo?

Só o eco: aaaalgo...aaalgo...aaalgo...

Pois bem, vamos nós.

-Para onde?

-Pega um mapa.

-Viña é longe?

-Temos que cruzar metade do país.

-Topas?

-Vou pegar a câmera!

...

Óbvio que nessa história descemos na estação errada do metrô, embarcamos novamente de graça, paramos o ônibus no meio da rua - sem passagem e sem saber direito para onde ele iria, morremos de frio, nos perdemos, grana acabando...
É claro também que nem só de contras se faz uma aventura... Pisco Sour, Reineta com Alcaparras, cidade iluminada, troca mesa (por três vezes), último ônibus, taxista bacana, sono no ônibus, banheiro que não abre...tudo regado à muita risada.

Mas digo...ver o sol morrer no Pacífico e molhar os pés naquela água congelante (os dedos adormeceram...e foi só uma molhadinha)... não há o que pague.


Portão de Embarque

Quase todo dia passo por ali, nunca acompanhada.

Gostosíssima essa sensação de levar alguém. De "boa viagem", "me liga quando chegar", "te amo".

Até essa preocupação antes da mensagem do "cheguei" aparecer no visor é boa.

E que apareça logo...

Santiago, 24 de novembro de 2008.

Se soltei meia dúzia de palavras foi muito. Garanto que a maior parte delas composta por monossílabos: "é", "não"...

Momento raro, delicado, estranho... difícil. Tristeza comprada, porém grande.

Falávamos (ouvíamos) dele naquele (NAQUELE) instante: 20:45h.

O homem ficou sem chão. Está sem chão. Não posso - não sou capaz de - imaginar o tamanho dessa dor. Mas quis estar lá, monossilábica ou não: presente.

Porque quando saímos daquela sala, toda semana, compramos a briga dos outros. Uma "família por um dia" pode soar estranho, mas é assim que é: longe de casa a gente só tem a gente.

Força para ele.