terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Celebridades

Não é de hoje que eu tenho sonhos estranhos com celebridades interessantes.

Uma vez caminhei numa ferrovia (num túnel, para ser mais exata) à luz de lanternas com o Polegar (isso mesmo, o grupo Polegar, do famigerado Rafael Ilha, por quem era completamente maluca aos seis anos).

Já em outra noite sem nexo, joguei bola com a Sandy e o Junior numa sala apertada, vestida à moda dos tempos da brilhantina.

Houve também uma noite na qual Dercy Gonçalves me ligava, cheia dos impropérios, me convidando para um baile. Quando ela apareceu, não pude distinguir se o cabelo à permanente era louro ou branco, nem se o vestido era preto ou prata. E agradeço pelo sonho (pesadelo?) ter acabado nesse momento, antes do fox-trot começar ou qualquer senhor presente, talvez num terno vermelho, me chamar de boneca (ui!).

Outro episódio estranho foi quando Hebe Camargo foi em casa fazer uma visita à minha avó. Escondi-me atrás do botijão de gás enquanto ela tilintava pulseiras e gargalhava sem dó.

Também já sonhei com o Fofão, mas esse não merece qualquer comentário mais profundo.

Mas esquisito mesmo foi hoje, depois de anos acreditando que essa bizarrice havia terminado... contarei o sonho todo:

Estava eu no meu pijama improvisado, pronta para dormir quando ouço, vindos da rua, gritos femininos. Olho pelo vão da janela e vejo duas gurias brigando na calçada. A de cabelo curto apanhando horrores. Rosto ensangüentado, perna machucada, gritos e mais gritos – agudos e apavorados – enquanto a outra, com a mão colada no cabelo daquela sacudia a cabeça frouxa para lá e para cá.

Pego o celular e chamo 190:

“-Polícia.

- Boa Noite, eu quero avisar que tem uma moça sendo espancada em frente à minha casa. Vocês podem mandar alguém?

- Qual o endereço?

- Tal.

- Obrigada.

- Boa noite.”

Quando volto à cena, as duas já saíram da minha visão. Fico no escuro, ouvido alerta. Até que os gritos acabam, mas sem qualquer sinal de viatura ou equivalente.

Abro a janela em busca de novidades e do outro lado da rua, entre as folhas de uma árvore grande, vejo dois olhos vermelhos, bem brilhantes. “Um morcego”, penso (sim, os morcegos dos meus sonhos tem olhos vermelhos e não ficam de ponta cabeça). Debruço-me na janela tentando ver algo à direita. Nada. Viro para a esquerda... “SANTA APARIÇÃO, BATMAN! QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?"


...


Pelo menos era a versão Michael Keaton.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Vai, Renata.

A Renata tinha o cabelo vermelho, 18 anos, um vocabulário interessante e era aspirante à uma vaga no curso de medicina. Jogava futebol, tinha uma mochila estilosa com um zíper gigante e uma papete da qual eu não lembro a cor. Como eu, e como todo bom jovem, queria fazer sua parte para mudar o mundo. Começou com o boicote aos EUA – não consumia qualquer coisa que viesse de lá.

Ninguém – nem o namorado – conseguiu convencê-la a comparecer à grande estréia "Hollywoodiana" do ano: "O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei ". Nem mesmo os elaborados argumentos sobre o Frodo não morrer, sobre a deliciosa pipoca, a MANTEIGA da deliciosa pipoca, a sala no formato "STADIUM", a compra antecipada (para evitar filas)...nada funcionou.

Até que nós, Ivan e eu, com todo o nosso talento compusemos, entre um pastel no centro e o desembarque na estação "Guilhermina", uma belíssima música, parodiando o grande hit do momento .

Não acho justo que tanto talento seja esquecido e desperdiçado (rs). Portanto, para registro escrito:


Vai, Renata, não seja chata

Esse boicote ao cinema não dá pra levar

Que você gosta a gente sabe

Você está doida pra ir não adianta negar


Já foi vista comendo no "Mc", e agora?

Não há mais nada a falar

Se rendeu ao capitalismo burgo. Não tem mais volta.

Ruivinha, se prepara...


Vai ter que ir, vai ter que ir

A gente está indo pro cinema e "cê" vai ter que ir

Vai ter que ir, vai ter que ir

Senão eu canto o dia inteiro pra você ouvir


Pois é...Caetano Veloso pagaria por nossa criatividade.


...


À exceção do cabelo e do namorado que mudaram, nunca mais soube da Renata.

Mas naquela estréia ela foi!